EM TRES LINHAS: Abelha e Zangão

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Abelha e Zangão

teu pó
teu pólen
meu mel

©Eliana Mora, fev/2003
Baú

MAIS...EM TRES LINHAS!

E cruzam-se as linhas
no fino tear do destino.
Tuas mãos nas minhas.

Guilherme de Almeida
1890/1969

"Gota de orvalho
na coroa dum lírio :
jóia do tempo."

Érico Veríssimo
1905/1975

Silêncio:
cigarras escutam
o canto das rochas

Matsuo Bashô
1644/1694

Abrindo um antigo caderno
foi que eu descobri
antigamente eu era eterno

Paulo Leminski
1944-1989

Olha,
Entre um pingo e outro
A chuva não molha.

Millôr Fernandes
1923/2012

O mar o azul o sábado
liguei pro céu
mas dava sempre ocupado

CIGARRA

Diamante. Vidraça.
Arisca, áspera asa risca
o ar. E brilha. E passa.

Guilherme de Almeida
1890/1969

chegado para ver as flores,
sobre elas dormirei
sem sentir o tempo

Buson
1716/1783

Uma árvore nua
aponta o céu. Numa ponta
brota um fruto. A lua?

Guilherme de Almeida
1890/1969

tatami-o ou deite-o

de colchão em colchão
chego à conclusão
meu lar é no chão

A noite
me pinga uma estrela no olho
e passa...

Paulo Leminski
1944-1989

O ar. A folha. A fuga.

No lago, um círculo vago.

No rosto, uma ruga.

Guilherme de Almeida

1890/1969

a borboleta pousa
sobre o sino do templo
adormecido

Buson
1716/1783

Na poça de lama
como no divino céu,
Também passa a lua.

Afrânio Peixoto
1876/1947

"Escrevo porque amanhece,
e as estrelas lá no céu lembram letras no papel,
quando o poema me anoitece.''

Paulo Leminski
1944/1989

coisa rara:
teu espelho
tem minha cara

Millôr Fernandes
1923/2012

Um gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava-se: "Agora"."

Guilherme de Almeida
1890/1969

sussurro sem som
onde a gente se lembra
do que nunca soube

Guimarães Rosa

1908/1967

outubro
no teto passos pássaros
gotas de chuva

Paulo Leminski

Nem tudo são flores
nos meses de primavera.
Voam marimbondos...

Leila Miccolis

E cruzam-se as linhas
no fino tear do destino.
Tuas mãos nas minhas.

Guilherme de Almeida
1880/1969

"No deserto
acontece a aurora.
Alguém o sabe."

Jorge Luis Borges
1899/1986

Na cidade, a lua:
a jóia branca que bóia
na lama da rua.

Guilherme de Almeida
1890/1969

aquecer as mãos
requentar as noites
esquecer os dias.

Goulart Gomes

esnobar
é exigir café fervendo
e deixar esfriar.

Millôr Fernandes
1923/2012

Olho a noite pela vidraça.
Um beijo, que passa,
acende uma estrela.

Guilherme de Almeida
1890/1969

Os corpos
são hieróglifos
sensíveis.

Octavio Paz
1914/1998

EM TRES LINHAS

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Abelha e Zangão

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